quarta-feira, janeiro 16, 2008

Entre quatro paredes
frias, cinzentas, solitárias...
jaz uma alma inquieta e perdida.
Um espírito que deambula e vagueia
entre pensamentos e memórias confusas...
Como se torturada, vítima de trauma,
acidente, catástrofe ou amnésia,
procura desesperada respostas.
Saber o que faz ali, como foi ali parar,
que estranho e horrível lugar é aquele...
Sem sol. Sem luz. Sem calor...humano.
A memória falha-lhe.Não consegue definir
o início do pesadelo (talvez não queira??)
Viaja sobre acontecimentos, episódios, factos,
e enquanto experimenta esta panóplia de
sensações é abraçada por três sentimentos
que são seus carrascos, que lhe privam da liberdade:
Uma desmedida Tristeza, Culpa e Abandono.
Este lugar de quatro paredes tem porta.
Uma porta aberta. Sem chave.
O seu corpo inerte poderia fugir dali mas...
é o seu espírito que está preso, acorrentado àquelas paredes.
É a sua alma ferida que não tem força para dar pequenos passos
que a arrancariam dali. Abandonariam o seu cativeiro.~
Ela está presa a si!!!
Os pensamentos sucedem-se e atropelam-se em catadupla
cruzam-se como numa charada de difícil solução...
Ela não consegue decifrar nem perceber o que aconteceu.
Recorda o doce sabor da alegria e vislumbra ao longe o seu sorriso,
Lembra se de adormecer tranquila sem medo de acordar...
Mas a verdade...
é que está aqui
nesta cela de prisão...
de onde não consegue sair.

quarta-feira, dezembro 26, 2007

O MEU NATAL

Observo a correria
os últimos abraços
os desejos de uma noite feliz...
Observo as ruas enfeitadas
(muitas em que ainda não tinha reparado)
A magia das luzes ao cair da noite
que, mesmo pobres, nas lojas, mercearias ou cafés,
encenam juntas um cenário de fantasia,
palco perfeito para um bonito conto de natal...
Observo as pessoas, os sorrisos...

E imagino as noites felizes que encherão
milhares de casas de alegria, conversas,
gargalhadas, puro prazer por estarem juntos...
Imagino Mães, Pais, Vôvôs, Vóvós e netinhos.
Imagino até "segundas famílias" que batem à porta
e são recebidas em clima de euforia para se juntarem
àquele momento de celebração.De Amor.Partilha.Afecto.
São Tios, Tias, Primos e Priminhas que imagino,
num matar de saudade, nem que seja só naquela noite...

Era esta a noite que eu queria (sempre quis!) para mim.
Talvez por isso, sempre que o sol se põe no dia 24 de Dezembro,
sou caiada por um manto espesso de nostalgia, repleto dos sonhos
da menina que continua a olhar a neve cair lá fora, à espera que o
Pai Natal apareça subitamente nos céus e, numa espectacular acrobacia
que só o trenó das suas renas sabe fazer, desça suavemente, entre na sua casa e a encha de alegria e muita animação.

Neste natal, enquanto me perdia nestes pensamentos
redundantes e difusos ...Ele veio!
Para me segredar suavemente ao ouvido...
"Vem comigo fazer uma rápida viagem". ..

Viajámos na pobreza, na doença, na falta de abrigo,
na solidão total, na degradação da espécie humana!...

"Vês?", disse-me enquanto me ajudava a descer do trenó,
"O teu Natal é maravilhoso"!!!

Eu fiquei da cor do fato dele, as palavras fugiram-me e,
quando ele me fez uma festa na cabeça e foi embora...
eu dei duas bofetadas a mim própria, entrei numa loja
e fiz, pela primeira vez, um centro de mesa com velas
vermelhas e prateadas para oferecer à minha mãe !

terça-feira, dezembro 18, 2007

QUERO CONHECER O CAPUCHINHO VERMELHO...

Um dia destes pus-me a pensar
que na minha vida, a relação com os outros
(e, por vezes, comigo própria!) tudo se passa assim...
Como nos contos infantis... que nos lêem, descrevem
e são inevitavelmente deixados ao acaso...
Ao acaso da nossa imaginação.

Imaginamos e desenhamos na nossa mente
quem é o Capuchinho Vermelho, a Avózinha,
o caçador e o Lobo Mau!
Idealizamo-los. Transformamo-los
em personagens boas e más,
vestimo-los como queremos e rotulamos
o seu carácter ao sabor da nossa vontade...
Ouvimos vezes sem conta as suas histórias para adormecer
voltamos a imaginar, a sonhar, a idealizar...
Mas nunca os conhecemos de verdade!

Alguém já viu, falou, CONHECEU o capuchinho vermelho?!!

Na minha vida os "capuchinhos" rodeiam-me
circundam à minha volta, dançam alegremente
numa valsa de fantasia que, só agora me apercebo,
me impede de os CONHECER de verdade!!!
Falo com eles, convivo, divirto-me à brava, choro,falo, oiço,
partilho (não tudo o que gostaria), vivo com e para eles...
mas continuo, como em criança, a idealizá-los, a imaginá-los...
Mais do que são. Menos do que podem vir a ser.

E esta relação com os outros, de contornos infantis,
torna-a superficial, pouco profunda.Pouco Real.

Por isso QUERO CONHECER O CAPUCHINHO VERMELHO!

Quero conhecer melhor as pessoas da minha vida.
Os meus Capuchinhos!!!!
Deixar de idealizá-los e desenhá-los à medida do que
gostaria que fossem, para que melhor se ajustem ...
... àquilo que sou!

É hora de abraçar a realidade.
Tornar as minhas personagens reais...

Quero conhecer o Capuchinho Vermelho...

domingo, dezembro 16, 2007

THE DATE

Como o sol q nao nasce em dias sem fim de tempestade...
Como dias de inverno em que o mar se debate e revolta
em ondas rebeldes numa luta difusa e cruzada dentro de si...
é a desilusão somente. A já gasta sensação de sentimentos traídos!
São palavras de encanto q ecoam e sinto ainda aqui, dentro de mim. Como uma melodia triste, cada vez mais ténue e longíqua,
como cordas de guitarra gastas a pedirem pra ser trocadas.
Uma vez mais o fantástico. O eterno debate com o Real !
Sei que foram palavras (reais), inventadas ou não,
que deslumbraram e me embalaram, sem saber se mentiam (!??)
Uma vez mais a ignorância,a impotência da compreensão
dos meandros e caminhos sinuosos da complexa mente humana !
FICA A MEMÓRIA...
Da troca de risos e gargalhadas,
num contexto de vida que julguei ser comum,
A Partilha de uma forma parecida de ver o mundo,
deixada ao acaso como incógnita eterna,
Fica também um momento em que o tempo foi esquecido
e 2 corpos se uniram, sem nexo ou razão explicáveis
(uma vez mais a busca de um porquê que não há, nunca houve,
não haverá...nunca (?)...)
Fica sem dúvida a revolta.
A revolta comigo, naturalmente.
Por uma vez mais ter sido a menina e não a mulher
a viver este episódio, esta mini historia, de não saber lidar com ele,
de não saber dar conta da minha fértil imaginação e desmedido romantismo (o planeta dos "poetas" loucos)...
De qualquer modo...
Acho que cresci (não da melhor forma, da que mais desejava)
Mas dei passos ... rumo a mim própria...
MAIS MULHER. MENOS MENINA.

SOU MAMÃ!!!

Ao fim de 1 ano ...
finalmente a "coragem" de escrever sobre o meu filho.
As mãos tremem me enquanto teclo.
O coração bate descompassado.
Tenho sérias dúvidas de encontrar as palavras certas,
as palavras dignas, suficientemente nobres que dêem voz ao meu pequenino, à sua essência e forma de ser.Uma minicriatura de 12 meses com a inocência do GUGU DÁDÁ (finalmente o justo e merecido "MAMÃ") que me faz ficar "à toa" e perdida no espaço onde habitualmente me sinto "em casa" - a escrita.
Incrível ! Apaixonante !E, ao mesmo tempo...
Tão estranho e confuso saber ...
Que deixei de ser livre para sempre...
Que o " fazer o que me apetece" já era"...
Sentir, ao mesmo tempo, que
Sou a sua alegre prisioneira...
(Que o quis ser, sem dúvidas ou hesitações)
Que sou a a sua eterna refém apaixonada,
diariamente orgulhosa com a mais pequena das suas conquistas.
É isso. O Diogo é o meu raptor. O Assaltante da minha alma que, bem ao género dele, sem pedir licença e sem qualquer cerimónia, se instalou cómodamente e ocupou quase todo o espaço do meu coração !!!
Ele é o meu adorável sequestrador que me encanta e seduz a toda a hora, fazendo deste sequestro uma estadia de hotel (um SPA!) para sempre, para toda a eternidade.... Mas cá estou eu. A divagar outra vez.
Perco me nas memórias, nas vivências sem fim, no sabor mágico de cada momento... e acabo por não conseguir falar da história do Diogo, de quem ele é hoje, de como viveu na barriga da sua mamã, da magia do nosso encontro, dos primeiros passos de uma relação única, eterna e sem beleza comparável...Fico com sensação de um texto pobre perante tudo o que ele é, o que representa e veio trazer à minha vida. Desde o início, daquele misto de emoções e sentimentos difusos que acarreta uma simples (?) bolinha cor de rosa, ele foi RAPAZ. Porque sou teimosa, com a mania dos "feelings" foi assim que o senti desde sempre,"um PILAS", ainda que o Sr.Doutor me convencesse do contrário (incompetente!!!).. Também porque sou extremamente persuasiva, obstinada, rebelde, e me borrifo, quando quero muito uma coisa, para o que os outros dizem , foi desde sempre, DIOGO.DIOGO É LINDO!E o meu, então... é o mais lindo dos Diogos.(Por isso é que que me irrita imenso ouvir uma qualquer mamã chamar a cada esquina "Diogo venha cá, Diogo isto Diogo aquilo"... Que m.....!!! Diogo é o meu Diogo... e mais nada.)
Só assim se explicam 9 meses de espera inteiramente dedicados a ele, DIOGO!!! 9 meses de desmedida conversa (até fartava, já diziam os amigos - o teu filho já não deve poder ouvir-te !!!), uma incompreensivel (?!) interacção entre doces brincadeiras com um ser que, não conhecendo ainda o nosso mundo, já curtia à grande na piscina olímpica que a querida mamã lhe resolveu proporcionar (que lhe saiu bem cara nos ultimos meses de gravidez). Dioguito nadava então alegremente na barriga da gigantesca mamã, já fazia grandes cambalhotas (saia à mãe,pois claro) ... o que já fazia prever o puto atamente enérgico, irrequieto, vivaço e completamente eléctrico que hoje é. Lá nisso, o Sr. Doutor bem avisou quando, em apuros, o tentava localizar nas Eco´s
(3 D). O MEU DIOGO era já nessa altura um brincalhão! ("Querem fotos?", "Daquelas giras pra ficar no álbum?" - TOMEM LÁ ESTA- Sempre cómico, pois claro (era o MEU Diogo), mas aparecia como um autêntico Allien, o meu ET, o que, para uma 1ª mamã não era nada preocupante mas, pelo contrário, divertidíssimo !!! Pois é Dioguito, tu fazias caretas, já não batias bem da bola, mas alguém cá fora, a tua mamã,fazia jus aos teus genes da maluqueira - as consultas e eco´s eram uma autêntica paródia !...Nos tempos de espera cheguei a imaginar um livro de que ficaram só os títulos, e que resumem , no fundo, as minhas reacções às imagens (nas eco´s) do pequeno Diogo:1) QUE HORROR...O MEU FILHO TEM CAUDA !2) A CAUDA CAIU, AGORA PARECE 1 PÁSSARO..NASCERAM-LHE ASINHAS (FUTUROS BRAÇOS)3)SOCORRO!O MEU FILHO É UM EXTRA.TERRESTRE (ÚLTIMA FOTO TIRADA A 3D)Bem, a determinada altura, como toda a mulher que aguarda a chegada de um filho tão bem sabe , a espera torna -se insuportável e a ansiedade do encontro assume contornos que, para as primeiras mamãs nos leva ao mundo do surreal, da magia, de algo que vai acontecer que tem alguma coisa de etéreo, divino, alguma coisa em que não areditamos bem ser possível...A par do medo, claro. O medo da dor. De algo não correr bem... Algo que guardamos para nós e nem queremos falar. Simplesmente...O MEDO!!! O MISTÉRIO... O DESCONHECIDO!É interessante que ao longo desta espera terrível, desta relação de impaciência e urgência com os ponteiros do relógio, recordo-me de ouvir uma música da Adriana Calcanhoto, de que não sei o nome, e que, habitualmente, as pessoas associam a um qualquer par romântico, namorado, companheiro, marido, o que quer que seja. Pra mim não. Gostava de encontrá-la (à Calcanhoto) para tirar a dúvida, porque eu acho que a letra se refere precisamente a uma mulher à espera de um filho! Não tenho bem presentes as palavras, mas é algo do género" "NÃO VEJO A HORA DE TE VER CHEGAR" " NÃO VEJO A HORA DE TE TER NAS MÃOS", "TE DAR AQUELE ABRAÇO", "COMPLETAR O PEDAÇO QUE FALTA NO MEU CORAÇÃO"... não sei ...talvez fosse a Cláudia Pré mamã a interpretar o que já não lhe saía do espírito, o que já lhe consumia a alma e ocupava o seu dia e as suas dolorosas noites já sem posição (mal sabia eu que o Diogo não tava nem aí para nascer e que eu teria de esperá-lo até às 41 semanas!!!) - AMOROSO, mas INGRATO quase CRUEL o sacanita (tadinho) perante estado lastimável da amorosa e dedicada mamã (um pouco mais de consideração seu reguila!) O meu mal foi mimar-te tanto, estava tão bom cá dentro não era?..para quê sair??? O MEU DIOGO TAMBÉM JÁ ERA UM ESPERTALHÃO! E sabia bem o que queria ...
(continua - secalhar por muitos e muitos anos)

ASSALTARAM A MINHA ALMA

Assaltaram a minha alma...
Roubaram de lá os meus sonhos.
Como vilões ou assaltantes de casa,
assaltaram o meu cofre...
O cofre onde guardo as forças para acordar de amanhã,
onde busco o sorriso nos lábios para enfrentar mais um dia,
O cofre onde sempre vou para me vestir e enfeitar de fada ou
de bela (adormecida) nos dias tristes...

Assaltaram a minha alma...
Esvaziaram-na de esperanças,
de imagens de um futuro bom.
Assaltaram a minha alma...
Acabaram com as visões mágicas
do meu amanhã cheio de cores...
Transformaram em destroços a
(minha) casinha à beira mar,
o meu barquinho, a pesca (?), a minha (?) praia...
Arrancaram do mapa o lugar tranquilo, desconhecido
e sem nome, onde sonhei acabar os meus dias... em família.

Assalltaram a minha alma...
Fizeram me ficar com medo.
Medo do futuro. Medo do Presente.

Assaltaram a minha alma...

Enquanto eu dormia
E confiava cegamente no doce sabor deste futuro bom !...

DESCULPA...

Descupa meu amor...
por não ter entendido teu choro
nos primeiros meses quando gritavas,
por, como primeira mamã,não ter sabido entender
que tão somente estavas zangado, irritado, furioso (?)
com este mundo...era prá minha barriga que voltavas.

Desculpa filho ...
Por ter ficado tão aflita e nervosa
com esses gritos estridentes
e não ter sabido acalmar-te (quem sabia ?)...
fazer te gostar maisde estar por aqui...
Desculpa...
A minha tristeza, o meu desespero,
as lágrimas que não consegui esconder te.

Desculpa ...
Quando a minha máscara caíu...
A máscara que todos os dias punha quando te ía buscar...
Quando, mesmo em cacos por dentro, te levava a passear,
mostrar o céu, os pássaros, os outros meninos no parque a brincar.. A máscara que consegui segurar meses a fio, e que, acredito,
te tornaram no bébé simpático, alegre, e feliz que hoje és...

Desculpa o cair desta máscara...
quando não a consegui segurar mais,
e me apeteceu, num abraço bem forte, dizer-te
"ajuda-me pequenino", "mostra-me a luz!"

Desculpa meu amor...
a estranheza do nosso encontro."Quem és tu ?"
Efeitos da anestesia, bem sei...
de momentos dolorosos não comparáveis,
mas de que eras o último a ter culpa !!!
Eras lindo. E eu não soube (não consegui) saborear te.
De certo tens tudo gravado dentro de ti (tal como eu).

Perdoa -me meu amor.
As caminhadas naquele corredor infernal
contigo nos braços devolviam me a dor.
Uma dor que, eu juro te, era muito mais forte que a mamã,
muito mais poderosa do que a alegria de te ter.
Depois do primeiro pesadelo...(oito dias internados)
e bem ao nosso género ( já somos 2 !) viémos direitinhos ver o mar Lembras-te? O barulho das ondas, e tu tão frágil, aconchegado no tal do "ovo" a escutar o que já te era tão familiar. . .

Não tinhas nem 15 dias a mamã quis apresentar te " à sociedade",
a mais badabada das mães bem sei, mas ninguém faz uma party
com um recém nascido de 15 dias!A mamã fez!!!
E, acredita, o vaivém de visitas, o barulho, a tua natural irritação,
saiu-lhe bem cara. Pois é, Festinha prá mamã nem o cheiro.
É assim a tua mãe, um pouco rebelde, que adora fazer coisas diferentes (a rotina dá cabo dela) e então se lhe dizem "não faças ou isso não está correcto" está tudo estragado - ela manda-se de cabeça !!!!
Estás tramado Dioguito mas serás sempre muito, muito amado...

Desculpa meu amor...
Pelo 2º pesadelo, criado pela tua mãe, mas, é certo também,
que sem ele, não existirias...
Desculpa os gritos que não te consegui poupar
Todo o reboliço que sei teres sentido e que não tive forças para te arrancar dele, para enfrentar gigantes, monstros e fantasmas...
Derrubá los, como os heróis dos filmes... em nome da tua paz !...

Desculpa meu amor...
Ter-me entregue ao medo, ao choro fácil e ter ficado inerte..
tempo demais !(Que terás tu percebido de toda a confusão???)
Desculpa querido filho ...
Por, já no limite, não aguentar mais o teu choro,
desesperar com as tuas birras e só agora perceber
que era colo que me pedias...

Desculpa filho.
Mas, olha, escuta a mamã:
TEMOS TEMPO !!!
A tempestade vai embora.
A mamã vai mostrar-te a beleza do raiar do sol.
O futuro espera-nos.
E nós vamos correr de mãos dadas.
Rumo a um amanhã bem colorido
que nós 2 juntos vamos pintar !
AMO TE MUUUIIIITOOO! Para SEMPRE.

O ROUBO DOS INOCENTES

É o roubo dos inocentes
Dos que são mais distraídos
e algures, em momento da vida,
se esquecem de olhar para trás...
São roubados na sua inocência
porque acreditam e confiam.
São traídos, apunhalados porque,
não preparados para os vilões do mundo vil...

É o roubo dos inocentes

Dos que sonham de olhos fechados
Dos que se esquecem de os abrir
na hora certa com quem preciso...
Dos que consigo ainda trazem a pureza
deixada já longe nos remotos tempos da infância
onde tudo é imaculado, inocente, sem roubos.

É o roubo dos inocentes
Dos que acordam já tarde
de carteira e alma vazias
porque quiseram crer
que nada nunca se passaria...
que tudo aconteceria como num jogo da cabra cega
Que depois dariam as mãos e, entre risos sinceros,
como nas brincadeiras infantis, acordariam rodeados
de amiguinhos de batas às riscas, trocariam alguns piparotes
pela posse do brinquedo do dia, mas tudo terminaria em bem...
e voltariam para o seu porto de abrigo, acordando no dia seguinte
com a enérgica vontade de mais um dia igual aos outros ...

SER LIVRE ENCURRALADO

Como animal enjaulado que quer correr na savana...
Um qualquer bichinho que voa,que habitualmente
se perde no infinito do céu e conhece o previlégio do azul alegre
(tão perto) dos dias de esplendor dos raios de sol, e que, cruelmente, ficou sem asas...

Um Ser Livre. Encurralado.

Como um bébé ansioso dos primeiros passos sem ajuda
que inveja os putos "gandes" que já correm e saltitam,
a quem o medo lhe rouba esse desejo, essa vontade,
porque muito maior que o seu sonho, bem mais forte do que ele,
e, tão docemente, se esconde e entrelaça nas pernas da sua mamã...

Ser Livre. Encurralado.

Como corrida já cansada em que pernas e sentidos
já não obedecem à vontade, ao desejo imenso de chegar
ao final, de cortar a linha da meta...

Um Ser livre. Encurralado.

Um sentir contraditório,
tão sublime e sagrado quanto sufocante e desleal
(Para os que voam.para os que não vivem sem VOAR!)
Uma prisão estonteante que enebria e embriaga
porque nos rouba e estraga o "Hoje queria", o "Bora lá"...
Mas nos devolve, ao mesmo tempo,a alegria e doçura
esquecidos e para sempre perdidos num tempo e lugar únicos,
os da infância !!!

É encantamento, paixão...
mas, para um ser livre,
não deixa de ser prisão.

É o amor mais profundo,
vem do nosso intimo secreto.
Não tem fim.Não tem duração.
Não tem TEMPO!!!...
Por isso rouba e aniquila um outro Tempo.
Que também é nosso (dos que ainda são livres)
e onde cabemos, temos o nosso lugar...
e onde deixamos de poder VOAR!!!

Ser livre na essência.
Encurralado na vivência.

SOLIDÃO

Um sentimento de liberdade
que se excede, ultrapassa limites
que assume o incómodo sentir
de nada haver... para além de nós próprios.

É uma liberdade que adoece.
Que se torna enferma. Doentia.
Que se transforma em agonia.
Pelo anseio do próximo... do OUTRO!
Porque nós somos NÓS, Nós e os OUTROS.
Os nossos OUTROS...
Sem os outros, sempre só nós,
a nossa mente atrofia, porque é no OUTRO que ela confia...
Confia histórias, emoções, sentimentos...
estados de espírito, também tretas e ensinamentos.

Solidão...

Esperamos o encontro que tarda
que se adia ou nunca vem
é assim que a solidão nos mantém
tal e qual como um refém.
Um refém amordaçado
triste e solitário...
Um cão vadio abandonado
que vasculha enganado
algo momentâneo para o saciar.
O cão que vagueia sem rumo
sem lágrima porque não sabe chorar.

Solidão...

Só na massa anónima
de OUTROS que não são os nossos,
que por isso nada nos diz,e nos faz ainda mais infeliz...

Solidão dolorosa, amarga, insuportável
cria revolta, rancor e muita mágoa.
Faz rolar lágrimas
porque nós, sim, sabemos chorar,
mesmo quando não queríamos neste ou naquele lugar.
Não escolhe sítio nem hora
porque nos deitou a máscara fora.

É assim a solidão...
Revela nos no nosso íntimo
Não pede autorização.

Solidão...
As lágrimas da saudade e também da nostalgia
podem ser de tristeza mas também de alegria.
É a saudade de tempos vividos
mas também dos que não vivemos
e em que um dia neles cremos.

Solidão...
Que nos devolve cruelmente o "É a vida" o "Tem de ser"
que nos faz questionar este nosso estranho viver (?)
Solidão...Mostra-nos o filme a preto e branco,
aquele que julgámos eterno, dos tempos de copos e gargalhadas,
em que para estar só ou pensar muito não havia tempo nem espaço.
Tudo isso foi adiado... porque, sendo entediado ...
quem puxava o assunto era chamado "palhaço" !
Tempos de celebração em que a vida era uma festa...
Um viver partilhado. A cada dia...a companhia.
Um existir sem rotina ou qualquer monotonia.

Solidão...

Corrói a alma, o coração, o espírito
Confronta-nos a cada minuto com o nosso EU, o nosso EXISTO.
Sem perguntar se queremos pensar sobre nós, o nosso destino...
Ela invade, entra, pergunta...e não nos larga, dá voltas à mente...
Em busca de respostas que não temos (?)não queremos (?)não sabemos (?)ainda dar !!!

Solidão...
Aborrecida, abusiva, persistente
Uma liberdade excessiva
Um contentamento descontente...

Solidão...

O CAIR DO SONHO

O meu sonho veio de longe
veio do alto, do mar e do céu...
Trazia o místico do desconhecido
a alegria e o encantamento de esperanças renovadas
Na certeza de um futuro repleto de momentos a dois
Momentos mágicos com o toque do idílico
(como os que havia vivido)

O meu sonho...
embarcava com a expectativa de uma nova vida,
de um adeus a uma vida já gasta,
um "olá" a um novo EU!!!
O meu sonho...
era o desafio a um NÓS,
que, para mim,na minha imatura inocência,
seria, por certo, a clássica história do "viveram felizes para sempre"...
O meu sonho...
teve carinhos e pipocas nos dias feios de chuva
enroscados em cobertores de lã,
teve aventuras e gargalhadas num amor comum pelo mar, pela praia,
o ar livre, a natureza...
O meu sonho…
tinha castelo, príncipe e princesa
Depois até principezinho!
O nosso NÓS passou a ser 3!

Mas a verdade é que o meu sonho,
como tudo o que vem do alto, CAIU…
e as lágrimas rolam-me pelo rosto
quando o vejo lá no fundo
em forma de espelho dos momentos felizes
que a vida cruelmente me mostra sempre
que me pergunto ...
Onde, quando e porquê
O meu sonho se desmoronou.

O meu sonho caiu…
Transformou-se em mil pedaços
Que ainda hoje me cortam, me ferem
Me doem como vidro que quebra.
O meu sonho caiu.
E um pedaço de mim ...foi com ele.

TRISTEZA

Um estado desperto em sono profundo
Um silêncio estridente em mente inquieta
Um barco à deriva, sem bússola ou destino.
Uma alma ausente. Só de corpo presente.

Como gotas de nevoeiro que pairam no ar...
É ser que está e não está.
Ser pensante que voa, flutua.
Que levita.Levita no espaço. Levita no tempo.
E se dá asas ao pensamento (...)

Não tem escada para descer
para no mundo viver.
Passa por tudo, nada vê.
Só o ruim a tristeza lê.

Não há sol, raio de luz
que a penetre, que a sacuda
persistente, assustadora
só dela sai dor aguda.

Não tem côr.Não tem vida.
Fica a existência entupida

Pára o tempo.Pára o ritmo.
O pulsar do coração.

Tristeza fria, cinzenta
onde só há escuridão.
Destrói esperanças.Aniquila a fé.
Faz-nos crer que para sempre
Tristeza o é...

Poderosa, mais forte que nós (?)
Hipnotiza a alma triste
e fá-la mesmo acreditar
que ...o sonho morreu...
a noite ficou, e que jamaiso sol vai voltar a brilhar!

Tristeza Triste...

FALSOS VESTIDOS

Visto-me de trapos que não me servem
Vestidos que, por mais belos, atraentes,
sedutores ou encantadores que sejam
NÃO SÃO O MEU NÚMERO !
Não me servem!

Fico momentaneamente bela
Sinto-me enganosamente princesa...
e acordo de alma vazia
com o vestido amarrotado
desconfortavelmente apertado...
como espartilho que me sufoca a alma
que me causa dor no peito
que me faz doer no coração...
Tudo porque...Não me serve!
Porque me faz sentir quem não sou.

O meu "número" é ...
Um casaco peludo de inverno,
uma manta de lã para os dias frios,
um roupão quentinho para ver a chuva cair lá fora...

O meu vestido...não precisa ser belo
Só precisa servir-me!!! Fazer-me sentir confortável...
No corpo
Na alma
No espírito.

O meu vestido...
pode ser velho, gasto, feio
pode até ser esburacado
de cores bizarras, fora de moda...
"Ele" só tem..
de acarinhar meu corpo
embalar as minhas mágoas
dar colo aos meus descréditos

Só assim...Ele será o meu "número"
Só assim...Ele será O MEU VESTIDO !

quinta-feira, dezembro 13, 2007

UM DIA FUI CASADA COM O PAI NATAL...

Todos os anos nesta época sou invadida
por uma estranha euforia e entusiasmo
que ignora qualquer estado de espírito
ou circunstância particular da minha vida..

Uma alegria que me deixa assim...
Numa agitação desenfreada a conceber ideias,
lembranças, pequenas coisas, que poderão,
na meia noite do dia 24, fazer felizes, os que amo.

Actualmente, e de há uns tempos para cá,
recorro à criatividade, pois então,
porque a situação do país assim o exige.
imagino, crio, faço esmeradamente embrulhos
(técnica que em míuda aprendi observando atentamente
as senhoras das lojas).

Adorava aquela arte do presente
a ser enrolado no papel, todo direitinho, depois o laço,
a etiqueta.. e a velocidade com que elas o faziam?
Impressionante! Hoje sou quase profissional!
Na época cheguei a dizer à minha mãe que ,
quando fosse grande , queria trabalhar numa papelaria.

Tudo isto mexe comigo.
É por isso que acredito que, em tempos,
fui casada com aquele senhor gordinho de barbas brancas,
que, na época, óbviamente, estava em grande forma,
não tinha barba nem cabelo grisalho, mas era igualmente
generoso com o mesmo espírito de ofertar, agradar e ...
distribuir... sorrisos!

Mas, ontem pus-me a pensar que
talvez não seja assim tão generosa...
Fui a um jantar de Natal e levei as minhas lembranças
(fruto de um dia inteiro de pura dedicação e carinho).
Quando chegou o momento da entrega e da reacção
fiquei algo frustrada, pode dizer-se mesmo defraudada
e vim para casa um pouco triste...
(coisa que o Pai Natal jamais sentiria!)
Senti que as minhas prendinhas não foram valorizadas
como EU gostaria que fossem, que o MEU empenho não
foi recompensado com o abraços e mimos que eu tinha
imaginado e expectado...

Afinal não sou assim tão bondosa...
Quem dá não espera NADA!
E eu esperei. Não prendas, mas emoções e sentimentos.
Mas esperei uma troca, uma transacção!
E não tinha que ter esperado.

Secalhar é por isso que hoje
já não estou casada com o Pai Natal!!!
Ele viu que eu não tinha "perfil"...
DESPACHOU-ME!!!

segunda-feira, dezembro 10, 2007

GOSTAR QUEM NÃO SABEMOS...

Por solidão, muitas ausências
Por mero acaso (?) e muito descrédito
Porque ela quis (quando já não sabia o que queria)...
Uma vez mais a tentação do risco,
a perda de contacto com a realidade.
E agora, num presente diferente,
o fantástico e o irreal do passado
deram lugar ao virtual!!!

Um novo mundo! Uma nova casa...

Lar ideal para alimentar
suas gastas fantasias
seus contos que já ninguém escuta...
Aqui todos são quem querem ser
Aqui todos ouvem ou finjem ouvir...

Um novo cosmos...
para dar lugar
espaço e tempo
ao que, na maioria das vezes,
definitivamente não existe!!!

E foi neste mundo...
Que ela viu os olhos dele
pela primeira vez...
(um olhar difícil de esquecer)
Foi neste lugar
que ela sentiu sinais de cumplicidade
e uma súbita explosão de alegria
pela partilha de uma paixão comum.
A escrita.

Nesta "casa"...
ela sentiu-o à sua semelhança
Obstinado
Inconformado
Generoso
Teimoso
Lutador
Gurreiro...

Depois...
O inevitável.
Não perfeito (Como todas as primeiras vezes)
Maravilhoso (Mas cedo demais...)
Muito Bwm! Mas ela complicou tudo...

Porque SENTIU.
Porque "mexeu" com ela...
Por pressa. Impaciência !
Por querer guardá-lo (tê-lo) só para ela...
Por sufocá-lo com doses estonteantes
de monólogos de paixão...

Uma história (in)acabada
que ela minou... por gostar demais.

FALSOS VESTIDOS

Visto-me de trapos que não me servem
Vestidos que, por mais belos, atraentes,
sedutores ou encantadores que sejam
NÃO SÃO O MEU NÚMERO !
Não me servem!...

Fico momentaneamente bela
Sinto-me enganosamente princesa...
e acordo de alma vazia
com o vestido amarrotado
desconfortavelmente apertado...
como espartilho que me sufoca a alma
que me causa dor no peito
que me faz doer no coração...
Tudo porque...Não me serve!
Porque me faz sentir quem não sou.

O meu "número" é ...
Um casaco peludo de inverno,
uma manta de lã para os dias frios,
um roupão quentinho para ver a chuva cair lá fora...
O meu vestido...não precisa ser belo
Só precisa servir-me!!!
Fazer-me sentir confortável...
no corpo
na alma
no espírito.

O meu vestido...
pode ser velho, gasto, feio
pode até ser esburacado
de cores bizarras, fora de moda...

"Ele" só tem...
de acarinhar meu corpo
embalar as minhas mágoas
dar colo aos meus descréditos

Só assim...

Ele será o meu "número"
Só assim...
Ele será O MEU VESTIDO !

quinta-feira, outubro 11, 2007

O CAIR DO SONHO

O meu sonho veio de longe

veio do alto, do mar e do céu...



Trazia o místico do desconhecido

a alegria e o encantamento

de esperanças renovadas

Na certeza de um futuro

repleto de momentos a dois

Momentos mágicos

com o toque o ídilico (como os que havia vivido)



O meu sonho...



Embarcava com a expectativa

de uma nova vida

o adeus a uma vida já gasta,

um "olá" a um novo EU



O meu sonho...

era o desafio de um NÓS

que, para mim, na minha imatura inocência

seria, por certo, a clássica história do

"viveram felizes para sempre"...



O meu sonho...

O meu sonho...

Teve carinhos e pipocas
Nos dias feios de chuva
enroscados em cobertores
Teve aventuras e gargalhadas
num amor comum pelo mar
pela praia, o ar livre, a natureza.

O meu sonho…
Tinha castelo, príncipe e princesa
Depois chegou o principezinho
O nosso NÓS passou a ser 3!

Mas o meu sonho,
Como tudo o que vem do alto
Caiu… e as lágrimas correm-me pelo rosto
Quando o vejo lá no fundo
Em forma de espelho dos momentos felizes
Que a vida cruelmente me devolve
Sempre que me pergunto
Onde, quando e porquê
O meu sonho
Se desmoronou.

O meu sonho caiu…

Transformou-se em mil pedaços
Que ainda hoje me cortam, me ferem
Me doem como vidro que quebra.

O meu sonho caiu

E um pedaço de mim
Foi com ele.

Tuga
Outubro 2007

quinta-feira, outubro 04, 2007

PRESA AO PASSADO

Como Algemas
De que não sei a chave
Como correntes
Que prendem e enrolam todo o meu corpo
Como serpentes pegajosas
Que teimam não largar o meu espírito
Fico … Presa ao passado!
Como mente fechada
De pensamentos redundantes
Vestida de círculos fechados
Sem ponta ou nó desatado
Permaneço…Presa ao passado!

Vivo o presente
Mas é no passado que habito
Porque é dele que se alimenta
A minha história, o meu EU, o meu Existo”…
Acabo por nunca acabar o que ficou lá atrás
Quando os que comigo o viveram
Já nem dele se recordam ou o relembram ténuamente
Porque é passado e o passado já foi, acabou porque é passado.
Para mim o passado é presente e será futuro também.
É a minha história que me persegue e não me larga a cada dia
É a minha prisão que me priva como uma triste melodia…
É presente porque não resolvido na minha cabeça, na minha alma
Agarro-me a ele como um livro que, todos os dias vou buscar,
às gavetas da minha memória, e, que, sem eu saiba, por vezes,
me impede de saborear o presente, viver com intensidade
as horas e minutos que não perdoam e vão implacáveis passando…
Comigo…PRESA AO PASSADO !!!

segunda-feira, agosto 06, 2007

" PC "

O inesperado… (fruto de cambalhotas da vida)
O imprevisto… (de brincadeiras marotas do destino)
(…)
Quiseram que um fio de telefone os apresentasse
em linguagem (pra ela chinês!) de ships (?) e software informático!

O “PC” foi o Mote. A ânsia de um portátil seria, sem que ela soubesse,
mais um valente trambolhão na sua vida!!!

Do outro lado da linha… um outro PC, de voz quente e simpática,
Conquistou o seu coração à deriva desde o primeiro instante.

Entre risos e gargalhadas telefónicas
(tão divertidas quanto”estranhas”)
entre 2 seres que nunca se haviam falado …

Entre uma proximidade distante(tão interessante quanto despropositada)
em 2 rostos anónimos que nunca se haviam cruzado …

Através de um “PC”, uma “placa” enguiçada, problemas eternos a pedirem (ao PC) para serem resolvidos ….
O inexplicável acontecia dia após dia em cada nova charada que só ele (?) poderia decifrar… (uma vez mais o destino? A brincar com o impossível?)
Talvez o conselho da “Bruxa” tivesse sido uma boa opção…
Num e noutro… o humor sempre presente, único elo de ligação.

A inexperiência dela com o novo brinquedo mais um comercial obstinado a tentar solucionar dilemas técnicos com uma pitada de azares (?) à mistura foram os ingredientes perfeitos para que ficassem perto um do outro… TEMPO DEMAIS!...


Numa altura totalmente errada da vida de um e de outro!!! (Desencontros?)


Foi assim que ele entrou na vida dela.
Foi assim também que ela entrou na vida dele.
Sem pedir licença, sem cerimónia.
Como se há muito se conhecessem …

O que um e outro não sabiam é que, em muito pouco tempo, aqueles sorrisos que divertidos trocavam se esvaneceriam de forma abrupta e repentina, tal qual como se haviam conhecido…


Depois…

Como qualquer coração magoado, desiludido com a vida, com o amor,
Ela quis á força guardar (ter?) para si este PC que, em momento algum, lhe pertenceu!

Foi uma corrida louca, frenética, numa teimosia obstinada, sem limites, em busca do impossível. Qual birra de criança que insiste em querer um brinquedo que viu na montra mas que alguém já levou e ela parece não aceitar !!!!!!!!!!!!!

Insistiu e ficou por ali… TEMPO DEMAIS ! Virou cega, surda, completamente irracional, a correr desenfreada (nem sabe hoje atrás bem do quê… De um calmante para a solidão ? De um analgésico para um desgosto de amor… ? Algo mais ? Não sabe…)

O resto… é triste demais e não é digno desta «estória»

A história que fala de um PC, um sapo engraçado (a SWEET FROG !!!), um “cromo informático” que, fruto da minha fértil imaginação ou não, tem uma áurea mágica, positiva, que atrai e ilumina.

Um sorriso optimista que nos convida a entrar e a adormecer ao seu colo nos dias difíceis.

Um PC que nos faz acreditar que, para além de todas as dificuldades, a vida continua a ser bela e merece ser vivida com a máxima intensidade…

Um PC que que encanta, pela simpatia e generosidade, pela sua atenção e altruísmo perante os mais frágeis.

Um PC solidário e AMIGO mesmo sob alta pressão e completamente subjugado ao ritmo implacável dos ponteiros do relógio. TIC TAC TIC TAC TIC TAC TIC TAC …………………………………………………………………………

É assim que te vejo e te recordo. Não mudes nunca PC.
Não vou esquecer nunca esse sorriso.
Cláudia.
Agosto 2007

sexta-feira, março 17, 2006

IRMÃ

Desde o começo foi “Mãe - Irmã”
Instinto de protecção
de quem ainda criança
Eternizado no preto e branco
dos álbuns de família.

Lá longe...
Na penumbra de um passado difícil
Por entre as vozes aflitas
(que hoje ainda escuto)

Distingo...
O seu olhar doce e meigo

Oiço...
A sua voz sábia e conselheira

Sinto...
O seu abraço, guardião do meu medo

Não esqueço...
A sua presença em silêncio,
como gotas de paz
naqueles dias sem fim !

Foram ...
Cúmplices secretas
do mesmo barco à deriva,
Companheiras fieis
da mesma angústia impotente,
Testemunhas prisioneiras
dos mesmos receios e lágrimas.

E naquele tempo...
Elas quase se perderam
na neblina estonteante
de uma casa sem norte.

Mas... O amor não sucumbiu!...
Reuniu os pedaços,
deixados caídos lá atrás,
Juntou os destroços
e fragmentos perdidos..
Cresceu, venceu, e ganhou forma...
A forma de um nó cego,
Um nó sem falha, indissolúvel,.
Um laço muito mais forte e bonito
que a partilha da cor do sangue !
Uma ligação Superior
porque escolhida e declarada
todos os dias das nossas vidas...
Um nó cego, surdo e mudo (!!!)
que irá manter as duas juntas
Até ao fim dos tempos !!!

Cláudia (Natal 2005)

A VOZ

Um olhar ...
Um olhar ...
que não se esquece,
que nos invade, e nos convida
a “olhá-lo” de mais perto ...
Um olhar profundo, intenso
que não intimida mas atrai ...
Um olhar pensante, inteligente
espelho de mente inquieta
que não cansa e não desiste ...
Um olhar que vai além
do que os nossos olhos vêem...
Um olhar poeta, sonhador
Esconderijo secreto ...
de uma Alma de Artista !

O pensamento é o Dom.
A música foi o mote.
As pautas são linguagem.
A viola, melhor amigo...
A arte, ponte secreta
de ligação com ... o mundo !

O Sonho ...
escreveu as primeiras linhas...
de um caminho longo e solitário
em busca de si próprio.
A perseverança obstinada (!)
ignorou dor ou sacrifício
numa luta desigual
sem partilha ou parceria ...

Depois...
Ele fez magia !
O pensamento criou melodia.
O dedilhar mágico das cordas,
na guitarra que foi companhia,
abriu, aos poucos, caminho
a uma voz doce e tranquila ...
Uma voz que veio de longe
De onde, nem ele, conhecia ...

Um sonho que se fez música...
(De que eu hoje sinto o orgulho
de todos poderem ouvir.)


Cláudia (31 Dez 2005)

SOU TIA!

O calor estranho daquele final de fevereiro
Anunciava a chegada do que viria a ...
Mudar a minha vida para sempre !!!
Como... Fonte de água no deserto
ou raio de sol na tempestade ...
Como... Cor branca em tempo de guerra
Ou um aceno do futuro
que se ri do que é passado ...
Como Gotas de esperança num dia sem graça ou
Um sorriso gigante que invadiu a minha alma
Foi assim que ela chegou ...
e iluminou a minha vida !!!
Naquela manhã agitada
de tanta emoção e expectativa...
Ainda escuto...O seu choro de boas vindas
de quem diz, sem medo, “Olá” ao mundo (!)
Ainda lembro...A sua boca grande e linda,
incrível miniatura de uma Mamã renascida !
Ainda sinto...O cheiro único, delicioso, quase
embriagante... do bebé que, desde esse dia,
senti parte de mim !
Não esqueço... A emoção do primeiro colo,
A felicidade estonteante de tomar nos braços
ser tão frágil, tão perfeito ...
A responsabilidade (que dá medo !)
de não sujar ou por em perigo ...
A sua pureza inocente, a sua ignorância divina,
celestialmente lavada de todo e qualquer mal !
Mais tarde... A doçura do primeiro olhar,
A alegria do primeiro sorriso,
A euforia da primeira gargalhada
A surpresa (precoce) das primeiras palavras !..
“Tato”, “Lhuz”, “Áua”, ... “CALAU” (!!!)
Monossílabos mágicos que ficaram, para sempre
gravadas dentro de mim !
Momentos partilhados ... de pura ternura.
A descoberta de um novo ser
que encheu o meu coração !
A primeira experiência de um amor
que eu nem sabia ser possível !...
Depois... O percurso veloz de 8 anos a crescer!
Um caminho partilhado. Mais perto, Mais longe.
Mais perto que o “previsto”...
Mais longe que a nossa vontade ...
Hoje ela é a minha princesa,
A minha princesinha “MARI”,
A minha “MEKI” adorada...
A filhota que ainda não tenho,
A irmã mais nova que nunca tive.
Cúmplice secreta das brincadeiras “proibidas”...
Confidente sábia que torna tudo tão simples.
Professora de tudo o que o tempo fez esquecer.
Mestre preciosa de segredos dos novos tempos.
A minha AMIGA mais querida
Que me devolve, sem saber,
a criança feliz que eu também fui ...
ADORO –TE Princesa.
A tua Titi

MÃE

Lá atrás ...
Onde se escrevem as primeiras linhas da minha história ...
Ficaram momentos irrepetíveis que ainda consigo lembrar.
Instantes de ternura e afecto repletos de amor, dedicação.
Lá longe ...
Nas memórias felizes da minha Infância
ficou o doce sabor da tranquilidade e protecção
e o gosto saudoso do SEU beijo de boa noite.
Ficou a maravilhosa acalmia do aconchego dos lençóis
e o calor do SEU colo que hoje ainda procuro (!)
Mais tarde...
O desencontro!
O diálogo interrompido pelos caprichos da adolescência (?)
Páginas da nossa história que ficaram por escrever,
que deixaram em branco momentos que já não voltam.
Duas vidas separadas, numa proximidade distante,
Rasgadas num espaço comum, sempre à beira de um final..
Depois...
Ficou a revolta e a mágoa, a diferença de razões ...
Pedaços de vida desgastados pela força do sofrimento.
Hoje...
Finalmente aquele abraço !
O (Re) encontro de Mãe e Filha
onde o amor fala mais alto ...
Maior que laço de sangue, a descoberta da amizade,,
O (Re)nascer de uma união para além da maternidade .
Hoje elas são ... MÃE e FILHA de verdade !!!
Sobreviventes de um passado que o presente faz esquecer !
São amigas, confidentes, são duas cúmplices contentes !
E conhecem uma relação única, quase misteriosa
Que envergonha e vulgariza qualquer mãe mais invejosa !!!
É a minha querida mãe.
A minha “Gina” doidona,
Conhece - me como ninguém,
É a minha amigona !!!
ADORO – TE MÃEZINHA !
HOJE E SEMPRE.

Cláudia (Natal 2005)

PARA ALÉM DA AMIZADE

O mesmo olhar sobre o mundo
que um dia sonharam poder mudar ...
A mesma ânsia de resposta
num oceano onde se afogam
dúvidas e interrogações comuns ...
A mesma curiosidade sobre
os desígnios e mistérios do destino,
numa pressa partilhada
da adivinha do futuro ...
Os mesmos sonhos, esperanças
e visões mágicas do amanhã ...
A mesma revolta e surpresa (?)
numa corrida de mãos dadas
à procura de si próprias ...
Uniu as duas PARA SEMPRE
Nesta partilha sem palavras,
onde o silêncio é sábio conselheiro
Nesta ligação sem nome
que vulgariza a amizade ( ! )
Neste abraço de IRMÃS
que envergonha ...
o próprio Mar !

Cláudia (2 Dez 2005)

NÓ CEGO

Um anel verde gigante (!) ditou o primeiro contacto...
Pretexto inteligente de aproximação.
Mote oportuno das primeiras palavras.
Um elo inicial de ligação ...
com a forma de objecto insólito ( ! )
Um anel extravagante e tão diferente
que, sem eles saberem (...)
Profetizava o futuro
de uma união sólida e inquebrável,
circular sem ponta aberta,
qual aliança de compromisso
ou juramento de amor para sempre !
Um anel estranho que despertou curiosidade ...
E que, num passe de mágica,
viria a libertar-se ( ! ) da sua dimensão física,
de função decorativa (?)
para assumir a responsabilidade
da forma de um ANEL de verdade !
Um ELO real sem tamanho ou dimensão ...
Um NÓ espiritual, inquebrável, indissolúvel ...
Um LAÇO sem folgas ou falhas
Enfeitiçado pelo próprio destino ...
e, por isso mesmo, impossível de ser desatado
(Até por eles próprios !!!)
O anel ... que os mantém juntos
desde esse dia ... até hoje.
E foi esse anel que os manteve de mãos dadas
(tantas vezes de olhos fechados)
e os guiou, lado a lado, nesta caminhada
(por vezes difícil, perigosa e sinuosa)
que só a verdadeira AMIZADE conhece !...
Foi a magia deste anel enfeitiçado,
(que está para além da própria vontade)
que os foi buscar onde eles quase se perderam
de si próprios e um do outro !...

Mufa (Dezembro 2005)

ALMA DE GUERREIRA

Um sorriso ...
Que não cede
à tristeza e desilusão ...
Um sorriso que não desarma
perante a dor ou dificuldade ...

Um sorriso que afoga a dúvida,
a descrença ou decepção,
e não dá espaço nem tempo
ao desespero ou choro fácil ...

Um sorriso ...
que, todos os dias, renova
votos de fé e de esperança !

Um sorriso que abraça a vida
e a (re) começa em cada dia ...
Um sorriso...
que não baixa os braços,
que não se rende
que não se entrega !!!

Um sorriso ...
que recolhe os pedaços
de cada batalha perdida,
e que os volta a juntar de novo
num mesmo posto de combate.
O combate...
de quem ama a vida,
de quem acredita em si
num amanhã mais colorido.

Um sorriso sofrido mas grato
de quem sabe dar valor
ao milagre e benção
de estar vivo !
Um sorriso que seca as lágrimas
e volta a tentar mais uma vez.
Digno de quem não perdeu ...
a capacidade de sonhar !

Um sorriso...
que esconde a alma ...
de uma verdadeira guerreira !!!

Cluni (Dezembro 2005)

O INÍCIO DO SONHO

Um SONHO remoto, vindo de vidas passadas (?)
Conduziu-a, por impulso, à “Cidade Maravilhosa” ...
Um DESEJO de infância, com a magia do impossível,
alimentado anos a fio num écran de televisão ...
Um SONHO ... Um DESEJO ... Que, sem ela saber, traçariam o seu destino !
Foi assim... Que ela embarcou na viagem da sua vida ...
Sem saber que o AMOR a esperava ... do outro lado do Atlântico !
Depois ... Foi a força do acaso (?), ou do que tem de acontecer (!)
que a levaram até ali... ao verde daquela ilha esquecida...
qual pedaço de Éden esquecido por Deus no mundo dos Homens...
E foi ali... na magia daquele lugar, que ELE a viu e olhou pela primeira vez.
E então ...Ele acordou o seu olhar desatento. Sacudiu o seu espírito eufórico
(de quem chega enfim a uma terra que sempre soube ser sua...)
E, no luar daquela noite, onde o “fantástico” e o “real” andaram de mãos dadas,
o olhar dele enfeitiçou-a !... Quebrou a muralha construída (pelo medo da desilusão) e deu voz a um sentimento que ela já tinha esquecido.
E foi a segurança desse olhar que a guiou naquelas ruas desertas ...
onde ela se viu (tranquilamente) só lado a lado com um estranho (!...)
Um desconhecido que ela sentia já ter conhecido muito antes...
Foram instantes mágicos, de puro carinho e doçura, que lhe devolveram,
com surpresa, o conto de fadas deixado lá atrás ! ELA encontrou...
No seu sorriso : A esperança que lhe faltava.
Na sua voz, de sotaque terno : O encantamento da alegria.
No seu jeito único, tão diferente : A Paz que há muito perseguia !
Depois... Vieram as lágrimas e a tristeza das sucessivas despedidas.
Momentos inevitáveis ditados pelo contexto de duas vidas.
Gestos de um “Adeus” doloroso, eternizados naquela porta de embarque
(a porta onde ela deixava, de todas as vezes, uma parte de si ...)
Deste lado do oceano... Ela retomava a história interrompida.
Entre o choro e o riso, revivia os momentos partilhados.
Entre a alegria e a tristeza, ela construía ... novos tempos a dois !
Entre o fumo do cigarro (o odor insuportável das coisas acabadas ...),
Mergulhada na melodia nostálgica das músicas que ouviram juntos ...
ela imaginava o novo encontro !!! E foi esta sensação de uma história inacabada
(a pedir para ser vivida de qualquer forma, em qualquer lugar) ...
Foi esta procura constante de novos episódios e de capítulos inéditos
que ela escrevia, dia após dia, dentro de si ...
Foi esta insistência obstinada ( ! ) de quem não se conforma com o caminho mais óbvio (que é geralmente o mais fácil) ...que garantiu a sobrevivência de uma relação condenada. Eles acreditaram ser possível e escolheram a caminhada mais íngreme. Ignoraram dificuldades e os possíveis sacrifícios ... Na busca desesperada de si próprios e um do outro !!! Hoje ... Ela acorda com um sorriso nos lábios, e encontra ao lado dele a certeza da escolha certa !
Ela (re)encontrou dentro de si a princesa dos sonhos de menina ...
E inventou, com a ajuda dele, um conto de fadas real !
Hoje ... Eles vivem juntos o dia a dia, na maravilhosa ignorância...
... Se serão “felizes para sempre” !!!

Tuga (Natal 2005)