quarta-feira, dezembro 26, 2007

O MEU NATAL

Observo a correria
os últimos abraços
os desejos de uma noite feliz...
Observo as ruas enfeitadas
(muitas em que ainda não tinha reparado)
A magia das luzes ao cair da noite
que, mesmo pobres, nas lojas, mercearias ou cafés,
encenam juntas um cenário de fantasia,
palco perfeito para um bonito conto de natal...
Observo as pessoas, os sorrisos...

E imagino as noites felizes que encherão
milhares de casas de alegria, conversas,
gargalhadas, puro prazer por estarem juntos...
Imagino Mães, Pais, Vôvôs, Vóvós e netinhos.
Imagino até "segundas famílias" que batem à porta
e são recebidas em clima de euforia para se juntarem
àquele momento de celebração.De Amor.Partilha.Afecto.
São Tios, Tias, Primos e Priminhas que imagino,
num matar de saudade, nem que seja só naquela noite...

Era esta a noite que eu queria (sempre quis!) para mim.
Talvez por isso, sempre que o sol se põe no dia 24 de Dezembro,
sou caiada por um manto espesso de nostalgia, repleto dos sonhos
da menina que continua a olhar a neve cair lá fora, à espera que o
Pai Natal apareça subitamente nos céus e, numa espectacular acrobacia
que só o trenó das suas renas sabe fazer, desça suavemente, entre na sua casa e a encha de alegria e muita animação.

Neste natal, enquanto me perdia nestes pensamentos
redundantes e difusos ...Ele veio!
Para me segredar suavemente ao ouvido...
"Vem comigo fazer uma rápida viagem". ..

Viajámos na pobreza, na doença, na falta de abrigo,
na solidão total, na degradação da espécie humana!...

"Vês?", disse-me enquanto me ajudava a descer do trenó,
"O teu Natal é maravilhoso"!!!

Eu fiquei da cor do fato dele, as palavras fugiram-me e,
quando ele me fez uma festa na cabeça e foi embora...
eu dei duas bofetadas a mim própria, entrei numa loja
e fiz, pela primeira vez, um centro de mesa com velas
vermelhas e prateadas para oferecer à minha mãe !

terça-feira, dezembro 18, 2007

QUERO CONHECER O CAPUCHINHO VERMELHO...

Um dia destes pus-me a pensar
que na minha vida, a relação com os outros
(e, por vezes, comigo própria!) tudo se passa assim...
Como nos contos infantis... que nos lêem, descrevem
e são inevitavelmente deixados ao acaso...
Ao acaso da nossa imaginação.

Imaginamos e desenhamos na nossa mente
quem é o Capuchinho Vermelho, a Avózinha,
o caçador e o Lobo Mau!
Idealizamo-los. Transformamo-los
em personagens boas e más,
vestimo-los como queremos e rotulamos
o seu carácter ao sabor da nossa vontade...
Ouvimos vezes sem conta as suas histórias para adormecer
voltamos a imaginar, a sonhar, a idealizar...
Mas nunca os conhecemos de verdade!

Alguém já viu, falou, CONHECEU o capuchinho vermelho?!!

Na minha vida os "capuchinhos" rodeiam-me
circundam à minha volta, dançam alegremente
numa valsa de fantasia que, só agora me apercebo,
me impede de os CONHECER de verdade!!!
Falo com eles, convivo, divirto-me à brava, choro,falo, oiço,
partilho (não tudo o que gostaria), vivo com e para eles...
mas continuo, como em criança, a idealizá-los, a imaginá-los...
Mais do que são. Menos do que podem vir a ser.

E esta relação com os outros, de contornos infantis,
torna-a superficial, pouco profunda.Pouco Real.

Por isso QUERO CONHECER O CAPUCHINHO VERMELHO!

Quero conhecer melhor as pessoas da minha vida.
Os meus Capuchinhos!!!!
Deixar de idealizá-los e desenhá-los à medida do que
gostaria que fossem, para que melhor se ajustem ...
... àquilo que sou!

É hora de abraçar a realidade.
Tornar as minhas personagens reais...

Quero conhecer o Capuchinho Vermelho...

domingo, dezembro 16, 2007

THE DATE

Como o sol q nao nasce em dias sem fim de tempestade...
Como dias de inverno em que o mar se debate e revolta
em ondas rebeldes numa luta difusa e cruzada dentro de si...
é a desilusão somente. A já gasta sensação de sentimentos traídos!
São palavras de encanto q ecoam e sinto ainda aqui, dentro de mim. Como uma melodia triste, cada vez mais ténue e longíqua,
como cordas de guitarra gastas a pedirem pra ser trocadas.
Uma vez mais o fantástico. O eterno debate com o Real !
Sei que foram palavras (reais), inventadas ou não,
que deslumbraram e me embalaram, sem saber se mentiam (!??)
Uma vez mais a ignorância,a impotência da compreensão
dos meandros e caminhos sinuosos da complexa mente humana !
FICA A MEMÓRIA...
Da troca de risos e gargalhadas,
num contexto de vida que julguei ser comum,
A Partilha de uma forma parecida de ver o mundo,
deixada ao acaso como incógnita eterna,
Fica também um momento em que o tempo foi esquecido
e 2 corpos se uniram, sem nexo ou razão explicáveis
(uma vez mais a busca de um porquê que não há, nunca houve,
não haverá...nunca (?)...)
Fica sem dúvida a revolta.
A revolta comigo, naturalmente.
Por uma vez mais ter sido a menina e não a mulher
a viver este episódio, esta mini historia, de não saber lidar com ele,
de não saber dar conta da minha fértil imaginação e desmedido romantismo (o planeta dos "poetas" loucos)...
De qualquer modo...
Acho que cresci (não da melhor forma, da que mais desejava)
Mas dei passos ... rumo a mim própria...
MAIS MULHER. MENOS MENINA.

SOU MAMÃ!!!

Ao fim de 1 ano ...
finalmente a "coragem" de escrever sobre o meu filho.
As mãos tremem me enquanto teclo.
O coração bate descompassado.
Tenho sérias dúvidas de encontrar as palavras certas,
as palavras dignas, suficientemente nobres que dêem voz ao meu pequenino, à sua essência e forma de ser.Uma minicriatura de 12 meses com a inocência do GUGU DÁDÁ (finalmente o justo e merecido "MAMÃ") que me faz ficar "à toa" e perdida no espaço onde habitualmente me sinto "em casa" - a escrita.
Incrível ! Apaixonante !E, ao mesmo tempo...
Tão estranho e confuso saber ...
Que deixei de ser livre para sempre...
Que o " fazer o que me apetece" já era"...
Sentir, ao mesmo tempo, que
Sou a sua alegre prisioneira...
(Que o quis ser, sem dúvidas ou hesitações)
Que sou a a sua eterna refém apaixonada,
diariamente orgulhosa com a mais pequena das suas conquistas.
É isso. O Diogo é o meu raptor. O Assaltante da minha alma que, bem ao género dele, sem pedir licença e sem qualquer cerimónia, se instalou cómodamente e ocupou quase todo o espaço do meu coração !!!
Ele é o meu adorável sequestrador que me encanta e seduz a toda a hora, fazendo deste sequestro uma estadia de hotel (um SPA!) para sempre, para toda a eternidade.... Mas cá estou eu. A divagar outra vez.
Perco me nas memórias, nas vivências sem fim, no sabor mágico de cada momento... e acabo por não conseguir falar da história do Diogo, de quem ele é hoje, de como viveu na barriga da sua mamã, da magia do nosso encontro, dos primeiros passos de uma relação única, eterna e sem beleza comparável...Fico com sensação de um texto pobre perante tudo o que ele é, o que representa e veio trazer à minha vida. Desde o início, daquele misto de emoções e sentimentos difusos que acarreta uma simples (?) bolinha cor de rosa, ele foi RAPAZ. Porque sou teimosa, com a mania dos "feelings" foi assim que o senti desde sempre,"um PILAS", ainda que o Sr.Doutor me convencesse do contrário (incompetente!!!).. Também porque sou extremamente persuasiva, obstinada, rebelde, e me borrifo, quando quero muito uma coisa, para o que os outros dizem , foi desde sempre, DIOGO.DIOGO É LINDO!E o meu, então... é o mais lindo dos Diogos.(Por isso é que que me irrita imenso ouvir uma qualquer mamã chamar a cada esquina "Diogo venha cá, Diogo isto Diogo aquilo"... Que m.....!!! Diogo é o meu Diogo... e mais nada.)
Só assim se explicam 9 meses de espera inteiramente dedicados a ele, DIOGO!!! 9 meses de desmedida conversa (até fartava, já diziam os amigos - o teu filho já não deve poder ouvir-te !!!), uma incompreensivel (?!) interacção entre doces brincadeiras com um ser que, não conhecendo ainda o nosso mundo, já curtia à grande na piscina olímpica que a querida mamã lhe resolveu proporcionar (que lhe saiu bem cara nos ultimos meses de gravidez). Dioguito nadava então alegremente na barriga da gigantesca mamã, já fazia grandes cambalhotas (saia à mãe,pois claro) ... o que já fazia prever o puto atamente enérgico, irrequieto, vivaço e completamente eléctrico que hoje é. Lá nisso, o Sr. Doutor bem avisou quando, em apuros, o tentava localizar nas Eco´s
(3 D). O MEU DIOGO era já nessa altura um brincalhão! ("Querem fotos?", "Daquelas giras pra ficar no álbum?" - TOMEM LÁ ESTA- Sempre cómico, pois claro (era o MEU Diogo), mas aparecia como um autêntico Allien, o meu ET, o que, para uma 1ª mamã não era nada preocupante mas, pelo contrário, divertidíssimo !!! Pois é Dioguito, tu fazias caretas, já não batias bem da bola, mas alguém cá fora, a tua mamã,fazia jus aos teus genes da maluqueira - as consultas e eco´s eram uma autêntica paródia !...Nos tempos de espera cheguei a imaginar um livro de que ficaram só os títulos, e que resumem , no fundo, as minhas reacções às imagens (nas eco´s) do pequeno Diogo:1) QUE HORROR...O MEU FILHO TEM CAUDA !2) A CAUDA CAIU, AGORA PARECE 1 PÁSSARO..NASCERAM-LHE ASINHAS (FUTUROS BRAÇOS)3)SOCORRO!O MEU FILHO É UM EXTRA.TERRESTRE (ÚLTIMA FOTO TIRADA A 3D)Bem, a determinada altura, como toda a mulher que aguarda a chegada de um filho tão bem sabe , a espera torna -se insuportável e a ansiedade do encontro assume contornos que, para as primeiras mamãs nos leva ao mundo do surreal, da magia, de algo que vai acontecer que tem alguma coisa de etéreo, divino, alguma coisa em que não areditamos bem ser possível...A par do medo, claro. O medo da dor. De algo não correr bem... Algo que guardamos para nós e nem queremos falar. Simplesmente...O MEDO!!! O MISTÉRIO... O DESCONHECIDO!É interessante que ao longo desta espera terrível, desta relação de impaciência e urgência com os ponteiros do relógio, recordo-me de ouvir uma música da Adriana Calcanhoto, de que não sei o nome, e que, habitualmente, as pessoas associam a um qualquer par romântico, namorado, companheiro, marido, o que quer que seja. Pra mim não. Gostava de encontrá-la (à Calcanhoto) para tirar a dúvida, porque eu acho que a letra se refere precisamente a uma mulher à espera de um filho! Não tenho bem presentes as palavras, mas é algo do género" "NÃO VEJO A HORA DE TE VER CHEGAR" " NÃO VEJO A HORA DE TE TER NAS MÃOS", "TE DAR AQUELE ABRAÇO", "COMPLETAR O PEDAÇO QUE FALTA NO MEU CORAÇÃO"... não sei ...talvez fosse a Cláudia Pré mamã a interpretar o que já não lhe saía do espírito, o que já lhe consumia a alma e ocupava o seu dia e as suas dolorosas noites já sem posição (mal sabia eu que o Diogo não tava nem aí para nascer e que eu teria de esperá-lo até às 41 semanas!!!) - AMOROSO, mas INGRATO quase CRUEL o sacanita (tadinho) perante estado lastimável da amorosa e dedicada mamã (um pouco mais de consideração seu reguila!) O meu mal foi mimar-te tanto, estava tão bom cá dentro não era?..para quê sair??? O MEU DIOGO TAMBÉM JÁ ERA UM ESPERTALHÃO! E sabia bem o que queria ...
(continua - secalhar por muitos e muitos anos)

ASSALTARAM A MINHA ALMA

Assaltaram a minha alma...
Roubaram de lá os meus sonhos.
Como vilões ou assaltantes de casa,
assaltaram o meu cofre...
O cofre onde guardo as forças para acordar de amanhã,
onde busco o sorriso nos lábios para enfrentar mais um dia,
O cofre onde sempre vou para me vestir e enfeitar de fada ou
de bela (adormecida) nos dias tristes...

Assaltaram a minha alma...
Esvaziaram-na de esperanças,
de imagens de um futuro bom.
Assaltaram a minha alma...
Acabaram com as visões mágicas
do meu amanhã cheio de cores...
Transformaram em destroços a
(minha) casinha à beira mar,
o meu barquinho, a pesca (?), a minha (?) praia...
Arrancaram do mapa o lugar tranquilo, desconhecido
e sem nome, onde sonhei acabar os meus dias... em família.

Assalltaram a minha alma...
Fizeram me ficar com medo.
Medo do futuro. Medo do Presente.

Assaltaram a minha alma...

Enquanto eu dormia
E confiava cegamente no doce sabor deste futuro bom !...

DESCULPA...

Descupa meu amor...
por não ter entendido teu choro
nos primeiros meses quando gritavas,
por, como primeira mamã,não ter sabido entender
que tão somente estavas zangado, irritado, furioso (?)
com este mundo...era prá minha barriga que voltavas.

Desculpa filho ...
Por ter ficado tão aflita e nervosa
com esses gritos estridentes
e não ter sabido acalmar-te (quem sabia ?)...
fazer te gostar maisde estar por aqui...
Desculpa...
A minha tristeza, o meu desespero,
as lágrimas que não consegui esconder te.

Desculpa ...
Quando a minha máscara caíu...
A máscara que todos os dias punha quando te ía buscar...
Quando, mesmo em cacos por dentro, te levava a passear,
mostrar o céu, os pássaros, os outros meninos no parque a brincar.. A máscara que consegui segurar meses a fio, e que, acredito,
te tornaram no bébé simpático, alegre, e feliz que hoje és...

Desculpa o cair desta máscara...
quando não a consegui segurar mais,
e me apeteceu, num abraço bem forte, dizer-te
"ajuda-me pequenino", "mostra-me a luz!"

Desculpa meu amor...
a estranheza do nosso encontro."Quem és tu ?"
Efeitos da anestesia, bem sei...
de momentos dolorosos não comparáveis,
mas de que eras o último a ter culpa !!!
Eras lindo. E eu não soube (não consegui) saborear te.
De certo tens tudo gravado dentro de ti (tal como eu).

Perdoa -me meu amor.
As caminhadas naquele corredor infernal
contigo nos braços devolviam me a dor.
Uma dor que, eu juro te, era muito mais forte que a mamã,
muito mais poderosa do que a alegria de te ter.
Depois do primeiro pesadelo...(oito dias internados)
e bem ao nosso género ( já somos 2 !) viémos direitinhos ver o mar Lembras-te? O barulho das ondas, e tu tão frágil, aconchegado no tal do "ovo" a escutar o que já te era tão familiar. . .

Não tinhas nem 15 dias a mamã quis apresentar te " à sociedade",
a mais badabada das mães bem sei, mas ninguém faz uma party
com um recém nascido de 15 dias!A mamã fez!!!
E, acredita, o vaivém de visitas, o barulho, a tua natural irritação,
saiu-lhe bem cara. Pois é, Festinha prá mamã nem o cheiro.
É assim a tua mãe, um pouco rebelde, que adora fazer coisas diferentes (a rotina dá cabo dela) e então se lhe dizem "não faças ou isso não está correcto" está tudo estragado - ela manda-se de cabeça !!!!
Estás tramado Dioguito mas serás sempre muito, muito amado...

Desculpa meu amor...
Pelo 2º pesadelo, criado pela tua mãe, mas, é certo também,
que sem ele, não existirias...
Desculpa os gritos que não te consegui poupar
Todo o reboliço que sei teres sentido e que não tive forças para te arrancar dele, para enfrentar gigantes, monstros e fantasmas...
Derrubá los, como os heróis dos filmes... em nome da tua paz !...

Desculpa meu amor...
Ter-me entregue ao medo, ao choro fácil e ter ficado inerte..
tempo demais !(Que terás tu percebido de toda a confusão???)
Desculpa querido filho ...
Por, já no limite, não aguentar mais o teu choro,
desesperar com as tuas birras e só agora perceber
que era colo que me pedias...

Desculpa filho.
Mas, olha, escuta a mamã:
TEMOS TEMPO !!!
A tempestade vai embora.
A mamã vai mostrar-te a beleza do raiar do sol.
O futuro espera-nos.
E nós vamos correr de mãos dadas.
Rumo a um amanhã bem colorido
que nós 2 juntos vamos pintar !
AMO TE MUUUIIIITOOO! Para SEMPRE.

O ROUBO DOS INOCENTES

É o roubo dos inocentes
Dos que são mais distraídos
e algures, em momento da vida,
se esquecem de olhar para trás...
São roubados na sua inocência
porque acreditam e confiam.
São traídos, apunhalados porque,
não preparados para os vilões do mundo vil...

É o roubo dos inocentes

Dos que sonham de olhos fechados
Dos que se esquecem de os abrir
na hora certa com quem preciso...
Dos que consigo ainda trazem a pureza
deixada já longe nos remotos tempos da infância
onde tudo é imaculado, inocente, sem roubos.

É o roubo dos inocentes
Dos que acordam já tarde
de carteira e alma vazias
porque quiseram crer
que nada nunca se passaria...
que tudo aconteceria como num jogo da cabra cega
Que depois dariam as mãos e, entre risos sinceros,
como nas brincadeiras infantis, acordariam rodeados
de amiguinhos de batas às riscas, trocariam alguns piparotes
pela posse do brinquedo do dia, mas tudo terminaria em bem...
e voltariam para o seu porto de abrigo, acordando no dia seguinte
com a enérgica vontade de mais um dia igual aos outros ...

SER LIVRE ENCURRALADO

Como animal enjaulado que quer correr na savana...
Um qualquer bichinho que voa,que habitualmente
se perde no infinito do céu e conhece o previlégio do azul alegre
(tão perto) dos dias de esplendor dos raios de sol, e que, cruelmente, ficou sem asas...

Um Ser Livre. Encurralado.

Como um bébé ansioso dos primeiros passos sem ajuda
que inveja os putos "gandes" que já correm e saltitam,
a quem o medo lhe rouba esse desejo, essa vontade,
porque muito maior que o seu sonho, bem mais forte do que ele,
e, tão docemente, se esconde e entrelaça nas pernas da sua mamã...

Ser Livre. Encurralado.

Como corrida já cansada em que pernas e sentidos
já não obedecem à vontade, ao desejo imenso de chegar
ao final, de cortar a linha da meta...

Um Ser livre. Encurralado.

Um sentir contraditório,
tão sublime e sagrado quanto sufocante e desleal
(Para os que voam.para os que não vivem sem VOAR!)
Uma prisão estonteante que enebria e embriaga
porque nos rouba e estraga o "Hoje queria", o "Bora lá"...
Mas nos devolve, ao mesmo tempo,a alegria e doçura
esquecidos e para sempre perdidos num tempo e lugar únicos,
os da infância !!!

É encantamento, paixão...
mas, para um ser livre,
não deixa de ser prisão.

É o amor mais profundo,
vem do nosso intimo secreto.
Não tem fim.Não tem duração.
Não tem TEMPO!!!...
Por isso rouba e aniquila um outro Tempo.
Que também é nosso (dos que ainda são livres)
e onde cabemos, temos o nosso lugar...
e onde deixamos de poder VOAR!!!

Ser livre na essência.
Encurralado na vivência.

SOLIDÃO

Um sentimento de liberdade
que se excede, ultrapassa limites
que assume o incómodo sentir
de nada haver... para além de nós próprios.

É uma liberdade que adoece.
Que se torna enferma. Doentia.
Que se transforma em agonia.
Pelo anseio do próximo... do OUTRO!
Porque nós somos NÓS, Nós e os OUTROS.
Os nossos OUTROS...
Sem os outros, sempre só nós,
a nossa mente atrofia, porque é no OUTRO que ela confia...
Confia histórias, emoções, sentimentos...
estados de espírito, também tretas e ensinamentos.

Solidão...

Esperamos o encontro que tarda
que se adia ou nunca vem
é assim que a solidão nos mantém
tal e qual como um refém.
Um refém amordaçado
triste e solitário...
Um cão vadio abandonado
que vasculha enganado
algo momentâneo para o saciar.
O cão que vagueia sem rumo
sem lágrima porque não sabe chorar.

Solidão...

Só na massa anónima
de OUTROS que não são os nossos,
que por isso nada nos diz,e nos faz ainda mais infeliz...

Solidão dolorosa, amarga, insuportável
cria revolta, rancor e muita mágoa.
Faz rolar lágrimas
porque nós, sim, sabemos chorar,
mesmo quando não queríamos neste ou naquele lugar.
Não escolhe sítio nem hora
porque nos deitou a máscara fora.

É assim a solidão...
Revela nos no nosso íntimo
Não pede autorização.

Solidão...
As lágrimas da saudade e também da nostalgia
podem ser de tristeza mas também de alegria.
É a saudade de tempos vividos
mas também dos que não vivemos
e em que um dia neles cremos.

Solidão...
Que nos devolve cruelmente o "É a vida" o "Tem de ser"
que nos faz questionar este nosso estranho viver (?)
Solidão...Mostra-nos o filme a preto e branco,
aquele que julgámos eterno, dos tempos de copos e gargalhadas,
em que para estar só ou pensar muito não havia tempo nem espaço.
Tudo isso foi adiado... porque, sendo entediado ...
quem puxava o assunto era chamado "palhaço" !
Tempos de celebração em que a vida era uma festa...
Um viver partilhado. A cada dia...a companhia.
Um existir sem rotina ou qualquer monotonia.

Solidão...

Corrói a alma, o coração, o espírito
Confronta-nos a cada minuto com o nosso EU, o nosso EXISTO.
Sem perguntar se queremos pensar sobre nós, o nosso destino...
Ela invade, entra, pergunta...e não nos larga, dá voltas à mente...
Em busca de respostas que não temos (?)não queremos (?)não sabemos (?)ainda dar !!!

Solidão...
Aborrecida, abusiva, persistente
Uma liberdade excessiva
Um contentamento descontente...

Solidão...

O CAIR DO SONHO

O meu sonho veio de longe
veio do alto, do mar e do céu...
Trazia o místico do desconhecido
a alegria e o encantamento de esperanças renovadas
Na certeza de um futuro repleto de momentos a dois
Momentos mágicos com o toque do idílico
(como os que havia vivido)

O meu sonho...
embarcava com a expectativa de uma nova vida,
de um adeus a uma vida já gasta,
um "olá" a um novo EU!!!
O meu sonho...
era o desafio a um NÓS,
que, para mim,na minha imatura inocência,
seria, por certo, a clássica história do "viveram felizes para sempre"...
O meu sonho...
teve carinhos e pipocas nos dias feios de chuva
enroscados em cobertores de lã,
teve aventuras e gargalhadas num amor comum pelo mar, pela praia,
o ar livre, a natureza...
O meu sonho…
tinha castelo, príncipe e princesa
Depois até principezinho!
O nosso NÓS passou a ser 3!

Mas a verdade é que o meu sonho,
como tudo o que vem do alto, CAIU…
e as lágrimas rolam-me pelo rosto
quando o vejo lá no fundo
em forma de espelho dos momentos felizes
que a vida cruelmente me mostra sempre
que me pergunto ...
Onde, quando e porquê
O meu sonho se desmoronou.

O meu sonho caiu…
Transformou-se em mil pedaços
Que ainda hoje me cortam, me ferem
Me doem como vidro que quebra.
O meu sonho caiu.
E um pedaço de mim ...foi com ele.

TRISTEZA

Um estado desperto em sono profundo
Um silêncio estridente em mente inquieta
Um barco à deriva, sem bússola ou destino.
Uma alma ausente. Só de corpo presente.

Como gotas de nevoeiro que pairam no ar...
É ser que está e não está.
Ser pensante que voa, flutua.
Que levita.Levita no espaço. Levita no tempo.
E se dá asas ao pensamento (...)

Não tem escada para descer
para no mundo viver.
Passa por tudo, nada vê.
Só o ruim a tristeza lê.

Não há sol, raio de luz
que a penetre, que a sacuda
persistente, assustadora
só dela sai dor aguda.

Não tem côr.Não tem vida.
Fica a existência entupida

Pára o tempo.Pára o ritmo.
O pulsar do coração.

Tristeza fria, cinzenta
onde só há escuridão.
Destrói esperanças.Aniquila a fé.
Faz-nos crer que para sempre
Tristeza o é...

Poderosa, mais forte que nós (?)
Hipnotiza a alma triste
e fá-la mesmo acreditar
que ...o sonho morreu...
a noite ficou, e que jamaiso sol vai voltar a brilhar!

Tristeza Triste...

FALSOS VESTIDOS

Visto-me de trapos que não me servem
Vestidos que, por mais belos, atraentes,
sedutores ou encantadores que sejam
NÃO SÃO O MEU NÚMERO !
Não me servem!

Fico momentaneamente bela
Sinto-me enganosamente princesa...
e acordo de alma vazia
com o vestido amarrotado
desconfortavelmente apertado...
como espartilho que me sufoca a alma
que me causa dor no peito
que me faz doer no coração...
Tudo porque...Não me serve!
Porque me faz sentir quem não sou.

O meu "número" é ...
Um casaco peludo de inverno,
uma manta de lã para os dias frios,
um roupão quentinho para ver a chuva cair lá fora...

O meu vestido...não precisa ser belo
Só precisa servir-me!!! Fazer-me sentir confortável...
No corpo
Na alma
No espírito.

O meu vestido...
pode ser velho, gasto, feio
pode até ser esburacado
de cores bizarras, fora de moda...
"Ele" só tem..
de acarinhar meu corpo
embalar as minhas mágoas
dar colo aos meus descréditos

Só assim...Ele será o meu "número"
Só assim...Ele será O MEU VESTIDO !

quinta-feira, dezembro 13, 2007

UM DIA FUI CASADA COM O PAI NATAL...

Todos os anos nesta época sou invadida
por uma estranha euforia e entusiasmo
que ignora qualquer estado de espírito
ou circunstância particular da minha vida..

Uma alegria que me deixa assim...
Numa agitação desenfreada a conceber ideias,
lembranças, pequenas coisas, que poderão,
na meia noite do dia 24, fazer felizes, os que amo.

Actualmente, e de há uns tempos para cá,
recorro à criatividade, pois então,
porque a situação do país assim o exige.
imagino, crio, faço esmeradamente embrulhos
(técnica que em míuda aprendi observando atentamente
as senhoras das lojas).

Adorava aquela arte do presente
a ser enrolado no papel, todo direitinho, depois o laço,
a etiqueta.. e a velocidade com que elas o faziam?
Impressionante! Hoje sou quase profissional!
Na época cheguei a dizer à minha mãe que ,
quando fosse grande , queria trabalhar numa papelaria.

Tudo isto mexe comigo.
É por isso que acredito que, em tempos,
fui casada com aquele senhor gordinho de barbas brancas,
que, na época, óbviamente, estava em grande forma,
não tinha barba nem cabelo grisalho, mas era igualmente
generoso com o mesmo espírito de ofertar, agradar e ...
distribuir... sorrisos!

Mas, ontem pus-me a pensar que
talvez não seja assim tão generosa...
Fui a um jantar de Natal e levei as minhas lembranças
(fruto de um dia inteiro de pura dedicação e carinho).
Quando chegou o momento da entrega e da reacção
fiquei algo frustrada, pode dizer-se mesmo defraudada
e vim para casa um pouco triste...
(coisa que o Pai Natal jamais sentiria!)
Senti que as minhas prendinhas não foram valorizadas
como EU gostaria que fossem, que o MEU empenho não
foi recompensado com o abraços e mimos que eu tinha
imaginado e expectado...

Afinal não sou assim tão bondosa...
Quem dá não espera NADA!
E eu esperei. Não prendas, mas emoções e sentimentos.
Mas esperei uma troca, uma transacção!
E não tinha que ter esperado.

Secalhar é por isso que hoje
já não estou casada com o Pai Natal!!!
Ele viu que eu não tinha "perfil"...
DESPACHOU-ME!!!

segunda-feira, dezembro 10, 2007

GOSTAR QUEM NÃO SABEMOS...

Por solidão, muitas ausências
Por mero acaso (?) e muito descrédito
Porque ela quis (quando já não sabia o que queria)...
Uma vez mais a tentação do risco,
a perda de contacto com a realidade.
E agora, num presente diferente,
o fantástico e o irreal do passado
deram lugar ao virtual!!!

Um novo mundo! Uma nova casa...

Lar ideal para alimentar
suas gastas fantasias
seus contos que já ninguém escuta...
Aqui todos são quem querem ser
Aqui todos ouvem ou finjem ouvir...

Um novo cosmos...
para dar lugar
espaço e tempo
ao que, na maioria das vezes,
definitivamente não existe!!!

E foi neste mundo...
Que ela viu os olhos dele
pela primeira vez...
(um olhar difícil de esquecer)
Foi neste lugar
que ela sentiu sinais de cumplicidade
e uma súbita explosão de alegria
pela partilha de uma paixão comum.
A escrita.

Nesta "casa"...
ela sentiu-o à sua semelhança
Obstinado
Inconformado
Generoso
Teimoso
Lutador
Gurreiro...

Depois...
O inevitável.
Não perfeito (Como todas as primeiras vezes)
Maravilhoso (Mas cedo demais...)
Muito Bwm! Mas ela complicou tudo...

Porque SENTIU.
Porque "mexeu" com ela...
Por pressa. Impaciência !
Por querer guardá-lo (tê-lo) só para ela...
Por sufocá-lo com doses estonteantes
de monólogos de paixão...

Uma história (in)acabada
que ela minou... por gostar demais.

FALSOS VESTIDOS

Visto-me de trapos que não me servem
Vestidos que, por mais belos, atraentes,
sedutores ou encantadores que sejam
NÃO SÃO O MEU NÚMERO !
Não me servem!...

Fico momentaneamente bela
Sinto-me enganosamente princesa...
e acordo de alma vazia
com o vestido amarrotado
desconfortavelmente apertado...
como espartilho que me sufoca a alma
que me causa dor no peito
que me faz doer no coração...
Tudo porque...Não me serve!
Porque me faz sentir quem não sou.

O meu "número" é ...
Um casaco peludo de inverno,
uma manta de lã para os dias frios,
um roupão quentinho para ver a chuva cair lá fora...
O meu vestido...não precisa ser belo
Só precisa servir-me!!!
Fazer-me sentir confortável...
no corpo
na alma
no espírito.

O meu vestido...
pode ser velho, gasto, feio
pode até ser esburacado
de cores bizarras, fora de moda...

"Ele" só tem...
de acarinhar meu corpo
embalar as minhas mágoas
dar colo aos meus descréditos

Só assim...

Ele será o meu "número"
Só assim...
Ele será O MEU VESTIDO !